A grande maioria das pessoas desejam ficar em suas próprias casas quando envelhecerem, mas dificilmente elas têm uma moradia adequada para isso. Conforme vamos envelhecendo, a nossa moradia deixa de atender muitas das nossas novas necessidades, como a perda gradativa de mobilidade e mudanças nas nossas capacidades sensoriais e cognitivas. Mas, com a adaptação das residências, é possível reverter esse cenário e reduzir o risco de quedas e retardar a necessidade de mudança para uma instituição de longa permanência (lar de idosos), o que pode, dentre tantas coisas, reduzir custos para a família e para o poder público.
Outros inúmeros benefícios de se envelhecer na sua própria casa incluem a manutenção do senso de independência e autonomia, a continuação do senso de pertencimento à comunidade ao continuar a fazer parte do bairro em que se vive, além da manutenção da rotina e de um envelhecimento mais ativo.
Pensando nisso, o governo da Irlanda desenvolveu um programa de moradias amigas da pessoa idosa, que está englobado dentro de uma política ainda maior de país amigo da pessoa idosa. E é sobre esse programa que vamos falar nessa postagem.
Objetivos
O programa ainda é novo, com início no final do primeiro semestre de 2019 e está finalizando a sua primeira fase. Seus objetivos principais são:
1- Permitir que as pessoas idosas possam continuar a viver em suas casas ou em moradias mais adequadas às suas necessidades;
2- Viver com um senso de independência e autonomia;
3- Ser e se sentir como parte de uma comunidade;
4- Evitar a institucionalização prematura de pessoas idosas.

Tudo isso através de atividades de apoio nas áreas de saúde, moradia e apoio social e tecnológico. Além disso, o programa pretende entregar seus objetivos por meio de intervenções que incluem o uso de inovação e novas tecnologias, envolvimento das pessoas para desenhar novos serviços, melhoria na comunicação e engajamento com a população e melhoria na qualidade e acessibilidade dos serviços.
Coordenadores locais fazem visitas nas residências das pessoas idosas incluídas no programa e realizam uma avaliação alinhado com os quatro domínios de moradia, saúde e apoio social e tecnológico. Os coordenadores então definem um plano de ação juntamente com cada participante e dão apoio para que estes tenham acesso a serviços que incluem adaptação residencial, melhoria no consumo de energia, consultas médicas, serviços comunitários ou apoio tecnológico.
O que foi feito
Das 1.175 pessoas cadastradas no programa, a fase inicial conseguiu realizar 757 avaliações, com 958 visitas domiciliares e 2.162 apoios relacionados às áreas de moradia, saúde e apoio social e tecnológico.
A grande maioria dos apoios dados foram relacionados à moradia, seguidos de apoios relacionados à saúde e, por último, relacionados à tecnologia e à comunidade.

Como a LAR.i trabalha especificamente com temas relacionados à moradia, vamos observar apenas os prontos relacionados a esse tema. Como podemos observar na figura do relatório, a grande questão observada nas visitas domiciliares foi a necessidade de adaptação residencial.

O relatório não especifica exatamente quais foram os tipos de adaptações necessárias, mas podemos ter uma ideia, com base em nossa experiência, que as adaptações devam estar relacionadas a remoção ou adequação de degraus/escadas, melhoria de iluminação, adequação de banheiros e ampliação de portas.
Um dado muito interessante que esse relatório apresenta é que 22% dos participantes relataram que suas casas não atendiam às suas necessidades, mas não aceitaram ajuda. Infelizmente, essa é uma realidade que também observamos bastante no nosso dia-a-dia. Então fica aqui o nosso questionamento: você aceitaria ajuda? Por quê?
Insight
Um grande insight do relatório merece ser citado:
Houve um volume enorme de ações especificamente na área de adaptação residencial. Isso estava muito relacionado com o número de quedas, a redução de mobilidade e como as condições da moradia e os princípios de design podem impactar significativamente no tempo que uma pessoa consegue permanecer vivendo com independência na sua própria casa, reduzindo os riscos e impactos de quedas.
Bem em linha com o que tanto discutimos aqui no blog.
Próximas etapas e conclusão
Como o programa atingiu seus objetivos na primeira fase, ele deve ser implementado em toda a Irlanda, com um monitoramento dos resultados principais e reavaliação do programa a cada três anos.
Observando o sucesso do programa de aging in place na Irlanda, liderado pelo poder público, fica o questionamento se esse tipo de iniciativa pode ser traduzido para a realidade brasileira e se os resultados seriam parecidos.
Nós da LAR.i continuamos a estudar, divulgar e implementar os conhecimentos sobre aging in place e adequação residencial voltado ao público idoso, pois acreditamos que em um mundo onde as pessoas podem escolher o melhor lugar onde querem envelhecer.
Entre em contato com o nosso time e faça já seu orçamento para deixar a sua casa pronta para o seu aging in place.
Julia Trevisan
Msc em Engenharia
Ref. Bibliográficas:
Governo da Irlanda. Healthy Age Friendly Homes Phase 1. Dublin, Irlanda. Disponível em: https://agefriendlyireland.ie/wp-content/uploads/2022/08/Healthy-Age-Friendly-Homes_Interim-Report_August-2022.pdf. Acesso em: 11 de dezembro de 2022
Comments