Será que os idosos de hoje vivem em ambientes acessíveis e adequados às suas necessidades? Essa pergunta foi feita por pesquisadores do centro de pesquisa de moradia da universidade de Harvard e seus resultados foram publicados em março deste ano (2022). Claro que não perdemos a oportunidade de conferir o que essa pesquisa identificou! Vamos entender os problemas e oportunidades dessa questão?
Antes, uma observação: o estudo realizado pelo grupo de pesquisa de Harvard apenas observou o cenário nos Estados Unidos, mas vamos fazer um paralelo com a realidade no Brasil, assumindo que a situação no nosso país pode ser ainda mais precária que a encontrada no país norte americano.
Através de dados coletados em 2019, os pesquisadores observaram que, com o aumento da idade, há um aumento significativo na dificuldade em realizar atividades como caminhar e se vestir, além de perdas na visão e audição. Para se ter uma ideia, de todas as moradias com pessoas com até 50 anos, apenas 9% tinham alguém com qualquer necessidade especial. Esse número subia para 60% quando se olhou para moradias com pessoas com mais de 80 anos!
Essa informação, resumida na imagem acima, faz bastante sentido, já que a nossa mobilidade muda conforme envelhecemos, perdemos amplitude de movimento e massa muscular (força) e algumas doenças crônicas aparecem, podendo resultar no surgimento de necessidades especiais de locomoção e entendimento.
Agora que entendemos que necessidades especiais aumentam com a idade, vamos ver como essas pessoas se sentem e interagem com o ambiente doméstico! Como era de se esperar, o estudo revelou que a dificuldade de se mover e utilizar os cômodos da casa piora com o aumento da idade, como podemos ver pela imagem a seguir.
Os números impressionam, não é? Vamos imaginar o que isso impacta na rotina, no psicológico e na socialização dessas pessoas. 11% dos moradores com mais de 80 anos têm dificuldade de entrar e sair da sua própria casa, ou seja, mais do que 1 em cada 10 idosos nessa faixa etária deve pensar duas vezes antes de sair de casa, limitando muito sua interação com a comunidade e as visitas a profissionais de saúde. Outros 13% de idosos com mais de 80 anos têm dificuldade em usar a sua própria cozinha, banheiro e/ou seu quarto! Como a dificuldade em usar os cômodos de sua própria casa pode impactar o seu dia-a-dia e sua autoestima? Com certeza o impacto é enorme.
Mas daí vem o questionamento, será que o problema está no morador ou na casa? Será que o idoso deve se adaptar à sua casa ou será que a casa é que deveria se adaptar às novas condições físicas do idoso? Dados de 2011 já mostravam que só 1 em cada 25 casas tinha entrada acessível, suíte no térreo e portas amplas para acesso em cadeira de rodas. Mas só 1 em cada 650 casas eram totalmente acessíveis para pessoas em cadeira de rodas. Lembrando que esses dados são dos Estados Unidos e podem ser ainda piores aqui no Brasil.
Então vamos trabalhar para mudar esse cenário, uma casa de cada vez? Afinal, um ambiente não adaptado às mudanças que surgem com a idade pode aumentar a dependência e reduzir a qualidade e a expectativa de vida. Entre em contato com a LAR.i para adaptarmos a sua residência ou a residência do seu familiar!
Julia Trevisan
Msc em Engenharia
Foto: Freepik
Ref. Bibliográficas:
SCHECKLER, S.; MOLINSKY, J.; AIRGOOD-OBRYCKI, W. How Well Does The Housing Stock Meet Accessibility Needs? An Analysis Of The 2019 American Housing Survey. Joint Center for Housing Studies of Harvard University, 2022. Disponível em: <https://www.jchs.harvard.edu/sites/default/files/research/files/harvard_jchs_housing_stock_accessibility_scheckler_2022_0.pdf>. Acesso em: 20 de abr. de 2022
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