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Foto do escritorJulia Trevisan

Influência da adaptação da moradia na participação das atividades da vida diária

Atualizado: 24 de mai. de 2021

Muito se fala em adaptar as moradias onde vivem idosos a fim de reduzir risco de queda e, conforme publicado em artigo anterior nesse blog, existe ampla literatura científica abordando este tema. No entanto, a redução no risco de acidentes domésticos seria o único resultado de uma adequação do lar? Quais seriam os outros impactos na vida dessas pessoas?


Um estudo publicado ainda esses ano por um grupo de pesquisa sueco fez essa pergunta e obteve respostas muito interessantes, que vou compartilhar com vocês. Se tiverem interesse em ler o estudo na íntegra, a referência está ao final desse post.


Antes de começar a falar do estudo em si, é importante ressaltar que, na Suécia, o serviço de adaptação de casas onde vivem idosos é fornecido pelo próprio município. O idoso precisa pedir o serviço, que é fornecido gratuitamente por profissionais qualificados (em sua maioria, terapeutas ocupacionais). O país tem 20% da sua população com mais de 65 anos e tem o objetivo de possibilitar o envelhecimento independente dentro da própria casa (aging in place), que tem um custo muito inferior se comparado com a opção de institucionalizar o idoso.


Os pesquisadores suecos realizaram entrevistas com 11 moradores de diferentes casas, com idades variadas (de 45 a 91 anos), mobilidades distintas e uma boa divisão entre mulheres e homens e pessoas que moram sozinhas ou com familiares. As entrevistas foram feitas logo antes das adaptações da habitação e três meses e 12 meses após as alterações. O foco dos pesquisadores foi na performance e engajamento nas atividades da vida diária e se as modificações atingiram as suas expectativas.


A percepção de que a adaptação dos lares foi ou não um sucesso dependeu muito das expectativas iniciais de cada morador. Por exemplo, a adaptação do lar atingiu as expectativas de um idoso que evitava tomar banho com medo de cair, apesar de adorar tomar banho. Também atingiu as expectativas de uma idosa que não gostava de pedir ajuda ao marido, pois se sentia como um fardo. No entanto, para uma idosa que gostava muito de ir ao mercado e não conseguia, a adaptação não atingiu as suas expectativas, pois as principais barreiras estavam fora de casa, na calçada até a loja.


Uma senhora branca de óculos escuros, batom vermelho e camisa azul sorri para a câmera
Foto: Orna Wachman por Pixabay

Para as pessoas que não participaram ativamente nas soluções de acessibilidade por falta de interesse ou por não terem sido engajados pelos profissionais, houve um descontentamento com as soluções e uma busca futura por soluções alternativas.


Para aqueles cujas adaptações atingiram as expectativas, observou-se uma nova rotina dentro de casa. Eles tiveram novas percepções do próprio lar e se sentiram incentivados a realizarem novas atividades dentro de casa. Para essas pessoas, a questão estética (principalmente das barras de apoio) não era importante. Inclusive, uma idosa que estava relutante a realizar as adaptações do lar devido a questões estéticas, decidiu instalar mais itens de segurança depois de perceber que sua mobilidade melhorou após as alterações. Para outra idosa, a percepção foi de que as adaptações lhe trouxeram uma maior participação social.


Ser autossuficiente e poder fazer os próprios cuidados pessoais teve efeitos positivos também no convívio social, com o aumento da autoestima. Novas rotinas de engajamento social foram desenvolvidas fora de casa, algo que não estava dentro da expectativa dos participantes. Uma participante descreveu seu gosto por se maquiar e cuidar do próprio cabelo sem ajuda e como isso pode ser libertador. Outro participante disse ter mais energia e motivação para sair de casa e começou a fazer planos para ter uma vida social mais ativa. Já uma terceira participante teve uma mudança de comportamento frente à necessidade de uso de uma bengala fora de casa, pois percebeu uma grande melhora na sua mobilidade (e suas amigas adoraram).


O artigo termina concluindo que adaptações no lar nem sempre resultam em aumento da independência nas atividades da vida diária, apesar desse ser seu objetivo principal. No entanto, manter o foco na performance e engajamento nessas atividades no início do processo de adaptação, juntamente com acompanhamento periódico pós-adaptação podem aumentar essa participação.


Julia Trevisan

MSc em engenharia


Foto: Freepik


Referências Bibliográficas:

THORDARDOTTIR, B.; FÄNGE, A. M.; CHIATI, C.; EKSTAM, L. Participation in Everyday Life Before and After a Housing Adaptation. Journal of Aging and Environment, v.34, p. 175-189, 2020

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