Quem não gosta de aproveitar uma piscina, especialmente no calor do verão? Seja na companhia da família e amigos ou mesmo a sós, momentos na piscina costumam ser agradáveis e trazer alegria e relaxamento. Além disso, atividades físicas dentro da água são comprovadamente benéficas para a saúde de todos, em especial para aqueles que não podem realizar exercícios com alto impacto. Para tanto, uma piscina acessível a todos é fundamental!
Seja para atividades de lazer, de terapia ou reabilitação, não apenas para os idosos mas também para os mais jovens ou ainda pessoas com necessidades especiais, os elementos de acessibilidade de uma piscina fazem muita diferença. Pensando em piscinas de espaços comuns, como clubes, academias ou condomínios, a acessibilidade deveria ser prioridade para permitir um acesso mais amplo aos diversos usuários, além de trazer mais segurança.
Com isso em mente, muitos podem questionar: será que essa piscina é acessível? O que pode ser feito para deixá-la mais acessível, reduzir os riscos e proporcionar mais segurança para os idosos? Para responder a essas dúvidas, irei abordar nessa postagem as características de uma piscina acessível ideal, e explorar o que é possível fazer para adequar uma piscina já existente.
E, para saber mais, temos esse vídeo do nosso canal do YouTube:
Como é uma piscina acessível ideal
Antes de qualquer coisa é importante saber as características de uma piscina ideal que são sugeridas pelas normas brasileiras. Como o assunto desse item da postagem é sobre norma, então o texto será um pouco técnico, mas garanto que valerá a leitura. E, lembre-se, estamos aqui exatamente para traduzir todo esse conteúdo técnico em um lar mais acessível e confortável para você.
Recentemente, em agosto de 2020, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - atualizou a norma NBR 9050, que define critérios de acessibilidade em edificações. A norma possui um item exclusivo sobre piscinas de uso comum, como aquelas de clubes, academias e condomínios, apontando os diversos elementos que tornam uma piscina acessível e segura, incluindo os acessos, o piso externo e a borda.
O piso externo deve ser antiderrapante (com um coeficiente mínimo de atrito conforme norma NBR 10339) e não agressivo ao contato com a pele, bem como deve evitar o acúmulo de água. O acesso de piscinas com perímetros de até 90 m deve ser feito obrigatoriamente por pelo menos rampa ou equipamento de acesso, enquanto piscinas com mais de 90 m de perímetro devem possuir uma combinação de no mínimo duas formas de acesso dentre rampa, equipamento de acesso, banco de transferência e escada. E se a piscina possuir um spa ou ofurô ou similar, um equipamento de acesso ou banco de transferência passa a ser obrigatório. Além disso, se houver ducha, pelo menos uma deve ser acessível a pessoas com cadeira de rodas.
Nos acessos por rampa, a norma define as características de inclinação máxima, piso e corrimão. No caso de escadas, são definidas a altura dos degraus, o nível do espelho d’água e a posição do corrimão. Na presença de banco de transferência, características como altura, extensão, profundidade e posição das barras de apoio são definidas para garantir um fácil acesso na entrada e saída da piscina. E para o caso de equipamentos de transferências são definidas áreas mínimas para aproximação e para transferência.
Para garantir a segurança dos usuários dentro da água, são exigidas barras de apoio posicionadas no nível da água nas bordas internas da piscina, que por sinal devem ter acabamento arredondado para facilitar seu uso. Por fim, outro item de segurança importante são as grelhas no fundo ou laterais da piscina, que devem ser não bloqueáveis para evitar o aprisionamento do usuário por sucção.
Ainda está lendo? Que bom! Espero que tenham conseguido absorver as informações, elas são mais pesadas mesmo. Mas é por isso que estamos aqui!
Na prática... o que fazer para adaptar?
Se você já possui uma piscina em casa ou no seu condomínio e pretende torná-la mais acessível, saiba que existem alternativas. Alguns elementos podem ser instalados para facilitar o acesso e melhorar a segurança de acordo com as necessidades dos usuários.
Conforme mostramos nos posts anteriores, a acessibilidade e a segurança de uma piscina começa do lado de fora a partir do seu acesso, desde o piso externo até a forma de entrar na água, e finalmente dentro da piscina.
O primeiro elemento de segurança a se atentar é o acesso externo, cujo piso deve ser antiderrapante. Caso não seja, é recomendada a instalação de faixas antiderrapantes ou mesmo a troca do piso.
Para entrar na piscina, a grande maioria possui a tradicional escada metálica encaixada na borda. Porém, ela não é a forma de acesso mais adequada para a maioria dos usuários. Se a borda da piscina for elevada em relação ao chão, como a piscina da foto, a construção de um banco de transferência pode ser uma saída. Se a borda da piscina estiver no chão e não houver rampa ou escada de entrada, a tradicional escada metálica pode facilitar o acesso. Contudo, caso um dos usuários seja uma pessoa com mobilidade reduzida, uma pessoa idosa ou uma pessoa em cadeira de rodas, um equipamento de acesso se torna necessário, como por exemplo uma cadeira de transferência ou um elevador. Existem opções de equipamentos fixos na lateral da piscina ou mesmo versões móveis.
Para a segurança dentro da água, é recomendada a adição de barras de apoio em locais específicos das bordas e o uso de grelhas não bloqueáveis. Além disso, as bordas e degraus existentes não podem apresentar quinas aparentes para evitar acidentes e ferimentos e devem ser arredondadas. Contudo, a depender da estrutura da piscina e do acabamento interno, estas alterações podem não ser possíveis.
No caso de impossibilidade de adequação, ou se a questão estética da sua piscina for essencial, a sugestão é a reforma. Assim, é possível projetar uma nova piscina com todos os elementos de segurança e acessibilidade já embutidos como parte do seu design, como rampas, escadas internas ou banco de transferência, barras de apoio, bordas e grelhas adequadas
Exemplos de como adequar a sua piscina
A seguir vou falar de alguns produtos disponíveis que podem ser instalados numa piscina já existente.
Se a piscina foi construída com acesso por rampa ou por escada, o corrimão deve estar presente como forma de facilitar e garantir mais segurança ao usuário durante a entrada e saída da água. Caso não esteja presente, é possível instalar corrimão em alguns tipos de piscina (infelizmente, não é uma opção para piscinas de fibra ou de vinil).
Se a sua piscina não possui escada ou rampa, a maneira de evitar uma reforma é adicionar um equipamento de transferência fixo ou móvel, como uma cadeira de transferência ou um elevador. A depender do modelo, esses equipamentos podem ser utilizados para transportar apenas a pessoa ou a pessoa sentada em uma cadeira de rodas (um modelo apropriado para entrar na água, claro). Há modelos que devem ser fixados no piso externo da piscina e outros que são móveis, cuja vantagem é permitir a sua utilização para acesso em mais de um ponto da piscina. Dentre as opções disponíveis, algumas oferecem até controle eletrônico para maior comodidade do usuário.
No exterior, é possível encontrar plataformas móveis de rampa ou escada que podem ser acopladas à piscina para permitir acesso mais independente para pessoas com mobilidade reduzida ou em cadeiras de rodas. Porém, em nossas pesquisas, não conseguimos localizar produtos desse tipo no Brasil.
Lembra que já falamos sobre as grelhas no fundo da piscina como forma de garantir mais segurança? É importante verificar se a grade ou tampa instalada é um modelo antiaprisionamento; caso não seja, é possível substituí-la com facilidade por um modelo mais seguro. Contudo, se o seu projeto é de uma piscina nova, colocar duas grelhas balanceadas hidraulicamente e distantes no mínimo 1,50m de distância é recomendado e mais seguro.
Outro ponto de segurança, não mencionado anteriormente, são as grades ou cercas de proteção, que devem estar presente em piscinas de estabelecimentos ou instituições como forma de evitar que um usuário que precisa de acompanhamento chegue até a piscina desacompanhado. Elemento muito usado para garantir a segurança de crianças, elas são de instalação relativamente fácil.
Conclusão
Por serem um item de lazer, as piscinas são muitas vezes projetadas e construídas sem a devida atenção para acessibilidade e segurança. Muitas vezes, o projeto acaba focando mais no seu design e na estética do que na funcionalidade, mas é possível unir os dois lados e construir uma piscina que seja esteticamente agradável e ao mesmo tempo apresente uma boa acessibilidade e segurança aos seus usuários.
O projeto de construção ou reforma de uma piscina deve levar em consideração as necessidades dos seus usuários e permitir futuras adaptações. No caso de uma piscina residencial, considerar as futuras condições dos moradores, com as limitações e condições físicas e cognitivas que vêm com a maior idade, pode resultar no projeto de uma piscina que possa ser utilizada por muito mais anos. Afinal, de que vale uma linda piscina no quintal se seus moradores não conseguem usufruir dela?
Ficou em dúvida se a piscina da sua casa ou do seu condomínio está adequada para o seu envelhecimento? Entre em contato conosco que podemos ajudar a deixar a piscina mais acessível e mais segura.
Entre em contato com a LAR.i para melhorarmos a segurança e acessibilidade à sua piscina!
Alexandre Rocha
MSc em engenharia
Doutorando em engenharia
Referências Bilbiográficas:
ANAPP - Associação Nacional das Empresas e Profissionais de Piscinas. Página inicial. Disponível em: <http://www.anapp.org.br/>. Acesso em: 20 de abr. de 2021
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2020
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10339. Piscina — Projeto, execução e manutenção. Rio de Janeiro, 2019
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