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Foto do escritorAlexandre Rocha

Usando a tecnologia para envelhecer bem em casa

Atualizado: 24 de mai. de 2021

Que tal trazer a tecnologia para benefício de se envelhecer bem em casa? Já pensou nisso?


Recebemos solicitações de idosos que moram sozinhos preocupados com a possibilidade de quedas ou de passarem mal e não conseguirem chamar ajuda, e queremos divulgar algumas informações sobre tecnologias disponíveis que podem ajudar em situações como essas. Mas, além disso, também queremos falar de tecnologias que trazem conforto e acessibilidade para todos os moradores. E esse é o tema que vamos tratar nesse artigo.


Tecnologias de “smart home”, ou casa inteligente, podem incluir sensores passivos, dispositivos de monitoramento, robótica e controle de ambientes. No geral, ao contrário do que muitos acreditam, a população mais velha está aberta a aceitar o uso de dispositivos de casa inteligente, especialmente se a tecnologia for para beneficiar atividade física, independência e função, e se a privacidade for respeitada (item muito importante para a maioria das pessoas, idosas ou não).


Para a implementação de uma casa inteligente com sucesso, é imprescindível que seja considerada a opinião do morador e as condições da moradia. Quanto mais fácil de implementar e menos aparente for o dispositivo, melhor será a aceitação do idoso e de sua família.


A seguir, entraremos em maiores detalhes sobre tele assistência, automação residencial, sensores de rotina e robôs de companhia.

 

- Tele assistência: botões de emergência e pingentes que detectam queda:


Cada vez mais famosas, as pulseiras com botão SOS viraram uma opção para tranquilizar familiares de idosos que moram sozinhos. É uma solução bastante rápida e fácil de ser contratada. Para esses serviços (não é apenas um produto, é necessário contratar um serviço), a contratação é feita por período (mensal ou anual) e por abrangência da assistência.


O botão SOS é uma pulseira ou colar (ou até mesmo anel, dependendo do fornecedor) que o idoso aciona para pedir ajuda. Quando acionado, uma central de atendimento irá contatar o idoso através de um viva voz para entender a emergência e verificar a necessidade de chamar ajuda. Caso não haja resposta, central entra em contato com as pessoas colocadas no cadastro do idoso ou uma ambulância, dependendo do serviço contratado.


Algumas empresas já estão oferecendo dispositivos que contém sensor de queda, que aciona a central de atendimento sem a necessidade de pressionar o botão.


A grande limitação deste tipo de serviço é que o seu acionamento se dá após a emergência, ou seja, não previne acidentes. Além disso, a maioria dos dispositivos disponíveis não é esteticamente atraente, o que pode gerar uma rejeição por parte do idoso. Por fim, a maioria desses dispositivos exige que o idoso (ou alguém próximo a ele) aperte fisicamente o botão.


Para quem já é adepto de celulares e smartwatches (relógios inteligentes), há opções que não exigem que o idoso use mais uma pulseira ou pingente. Com o uso de aplicativos no celular ou no relógio, também é possível acionar contatos de emergência em caso de necessidade, até mesmo sem a contratação de um serviço de central de atendimento. Além disso, por possuírem sensores de giroscópio e GPS embutidos, smartwatches ou celulares conseguem identificar quedas, faltando apenas o aplicativo para acionar o contato de emergência. No caso dos relógios mais recentes da Apple, a função de identificação de queda já vem de fábrica, basta configurar os seus contatos de emergência que devem ser acionados em caso de queda. Infelizmente, os relógios com sistema Android não acompanham aplicativos com esta função, apesar de tecnicamente possível (uma vez que possuem sensores de giroscópio e GPS). Porém, alguns lançamentos de relógios mais recentes já prometem a função para modelos lançados no final de 2020 e início de 2021.


O tema é amplo e existem diversas soluções disponíveis, cada uma com suas vantagens e desvantagens.


Uma senhora branca está sentada atrás de uma mesa. Ela tem cabelos brancos e curtos, usa óculos de armação escura e viste uma blusa de manga comprida azul. Ela olha para o smartchwatch que está no seu pulso esquerdo
Foto: Qual é a melhor pulseira para o seu caso? (Alexandre Rocha)
 

- Automação residencial (domótica):


A automação residencial (ou domótica, combinação do grego “domus” casa com robótica) corresponde à integração dos elementos e sistemas do ambiente de uma casa, como iluminação, climatização, segurança e equipamentos de áudio e vídeo.


Você já deve ter ouvido falar de “casa inteligente”, ou “smart homes” em inglês. Mesmo que você ainda não tenha nada automatizado na sua casa além do portão da garagem, talvez já tenha usado algumas das soluções disponíveis para uma casa inteligente em outros contextos. É provável que você tenha uma dessas ferramentas disponíveis no seu bolso, como a Siri dos celulares da Apple ou o Google Assistant nos celulares Android (é só falar “OK, Google” ou “Hey, Google” para o seu celular). Além de aparelhos celulares, as populares caixas de som inteligentes com a Alexa da Amazon ou as caixinhas do Google também incluem esse tipo de ferramenta. Pois é, automação residencial já pode ser realidade na sua casa.


Você pode então se perguntar: O que eu posso automatizar na minha casa? E o que eu preciso para isso? Vamos a alguns exemplos.


A iluminação da sala ou do quarto pode ser acionada por comandos pelo celular ou por voz. Para tanto, basta ter um dispositivo conectado no circuito elétrico desta iluminação que se conecte sem fio com o seu celular ou as caixas de som. Da mesma maneira, é possível acionar cortinas ou ligar e desligar equipamentos simples como um ventilador ou uma cafeteira. Também há soluções que te permitam acionar a TV, abrindo um canal específico da TV a cabo ou se conectando ao YouTube ou ao Netflix, sem que você precise usar o controle remoto. Outra possibilidade pode ser o acionamento do ar-condicionado ou aquecedor, controlando toda a climatização também pelo celular ou por voz. É possível até mesmo ter uma fechadura eletrônica inteligente na porta de casa que te permita abrir a porta remotamente.


Esse tipo de automação pode simplificar algumas funções do dia-a-dia em casa e tornar o cotidiano mais cômodo e mais confortável para qualquer pessoa, mas tem papel fundamental quando o morador começa a apresentar dificuldades de locomoção ou quando perde mobilidade, definitivamente ou temporariamente. No caso de usuários de cadeiras de rodas, o papel da automação é ainda mais importante.


Um exemplo muito bacana de automação residencial pode ser visto neste vídeo da Ame - Amigos Metroviários Dos Excepcionais (https://youtu.be/Ef4Foy69ELE). Outro exemplo pode ser visto na casa do Marco Antonio Pellegrini que, apesar de tetraplégico e usuário de cadeira de rodas motorizada, tem bastante independência em casa graças aos recursos de automação que foram instalados e lhe dão controle a praticamente todos os elementos da casa (https://youtu.be/LldSPAjSwBg).


Pois bem, atualmente é possível montar uma casa inteligente automatizando diversos elementos do ambiente residencial com a ajuda de dispositivos encontrados com facilidade no mercado, simplificando funções do dia-a-dia em casa e tornando o quotidiano mais fácil e mais confortável.


Foto de traz de uma cabeça de uma senhora branca de cabelos brancos. Ela segura um celular com a mão esquerda, cuja tela tem o logo da LAR.i
Foto: Como usar a domótica em seu benefício (Freepik)
 

- Sensores inteligentes que aprendem a sua rotina:


Considerando as preocupações com acidentes em casa, como quedas ou em casos de mal-estar, especialmente em cenários em que os idosos vivem sozinhos, há tecnologias de monitoramento que podem ser muito úteis. Contudo, a privacidade dos moradores é importante e deve ser levada em consideração. Dessa forma, soluções de monitoramento não invasivo, que não utilizam câmeras, são mais adequadas. Com o uso de sistemas de sensores distribuídos na casa como complemento da automação residencial, é possível atingir esse objetivo sem invadir a privacidade do idoso.


Esses sistemas se baseiam em dispositivos espalhados pela casa em pontos estratégicos, que se conectam entre si e enviam dados em intervalos de tempo determinados ou quando acionados. É o mundo da chamada “Internet das Coisas” (Internet of Things, IoT, em inglês) que é a base das casas inteligentes (Smart Homes, em inglês).


Esses dispositivos estão fazendo sucesso no mercado de longevidade, principalmente nos EUA e na Europa. Eles são pequenos, consomem pouca energia e podem ser instalados em qualquer lugar da casa ou apartamento, ou mesmo em utensílios domésticos. Os sensores monitoram as atividades da casa sem uma câmera, o que garante a privacidade do morador. Eles aprendem o padrão de comportamento do morador em cada cômodo onde foi instalado e conseguem perceber quando algum comportamento está fora do normal. Por exemplo, se o morador não se levantou da cama, bebeu pouca água durante o dia, ficou muito tempo sentado, com que frequência tem usado o aspirador de pó ou a geladeira, se esqueceu o fogão ligado, se caiu ou se está mancando, e avisa um parente, uma clínica ou chama uma ambulância, se necessário. Esses sensores também podem ser conectados a outros itens da automação residencial, como ligar a luz quando entra no cômodo, avisar ao cuidador quando saiu da cama ou trancar a porta e desligar a TV quando sair de casa. Lembrando que tudo isso sem monitoramento por câmeras, garantindo a privacidade do idoso, inclusive no banheiro.


Várias pesquisas e experimentos sugerem que esses sistemas de monitoramento em ambientes de pessoas idosas conseguem identificar e acionar ajuda com sucesso em caso de acidentes.


Apesar de bem difundida nos EUA, essa tecnologia ainda está começando a aparecer no Brasil. Algumas poucas empresas já comercializam esse tipo de monitoramento, poucas ainda para o público geral e a maioria para instituições de longa permanência de idosos (ILPI).


Desenho ilustrativo com uma casa no centro, com itens de casa inteligente ao seu redor
Como escolher sensores inteligentes (Imagem: macrovector / Freepik)
 

- Robôs de companhia


Muitos modelos de robôs sociais de companhia surgiram nas últimas duas décadas, e hoje é possível encontrar modelos a venda em diversos países, especialmente no Japão e países da Europa. Com a evolução da tecnologia de robótica, que há poucos anos era tida como muito futurista, surgiram diversos modelos de robôs androides e humanoides, enquanto as evoluções tecnológicas na área de inteligência artificial contribuíram para aprimorar e ampliar a aplicação dos robôs em diversas áreas. Tais evoluções contribuíram para reduzir os custos finais dos robôs, tornando-os tão acessíveis que em alguns países eles já estão sendo utilizados em casa.


Atualmente é possível ver robôs sendo utilizados em situações, como por exemplo, recepcionar clientes em uma loja ou atender clientes em um restaurante, e até mesmo na área de cuidados de saúde e serviço social. Esses robôs assumem diversas formas: formato humano (humanoide) ou de animais, pequenos como um brinquedo ou grandes como uma pessoa e capazes de interagir com pessoas e o ambiente.


Na área de saúde e bem-estar, pesquisas mostram resultados positivos na interação de pessoas com robôs em diversas áreas e faixas etárias, com robôs sendo capazes de auxiliar desde crianças dentro do espectro do autismo até pacientes idosos com Alzheimer. Uma grande contribuição dos robôs, comprovada recentemente em estudos na Europa e nos Estados Unidos, e está no simples fato de fazer companhia para uma pessoa que situação de solidão ou isolamento social.


Um dos robôs mais comentados na mídia é o robô terapêutico PARO, criado no Japão e construído no formato de animais. Atualmente em sua 8ª geração e disponível em formato de uma foca de pelúcia, o robô comprovadamente ajuda a reduzir o stress tanto de paciente quanto dos seus cuidadores, estimula e melhora a socialização dos pacientes (entre si e com cuidadores), e tem efeitos psicológicos como relaxamento e motivação.


Outro robô disponível no mercado é o Pepper, robô humanoide que foi introduzido em dois hospitais da Bélgica em 2016 como recepcionistas e é capaz de interagir com humanos reconhecendo algumas emoções e respondendo de acordo.


No final de 2019, o robô Stevie, construído após anos de pesquisa por pesquisadores do Trinity College Dublin, na Irlanda, foi capa da famosa revista Time. O robô androide foi apresentado para idosos em uma casa de repouso em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e mostrou como resultado que os idosos adoraram interagir com o Stevie quando ele contava histórias e piadas, mostrando mais uma vez o potencial dos robôs de companhia.

Foto de um robô branco com traços humanoides
Foto: Robô Pepper (Alex Knight/Unsplash)
 

Quer saber mais sobre qual tipo de tecnologia é melhor para você? Entre em contato com a LAR.i!


Alexandre Rocha

MSc em engenharia


Foto: Freepik


Referências Bibliográficas:

ARBEITER M, MAIER T, SPÖCK G. A cyber-physical environment for detecting exceptional and dangerous human behavior in the home by sensors and its verification by computer simulation. Adaptive Behavior. July, 2020. doi:10.1177/1059712320930420


https://www.dwell.com/article/9-smart-home-devices-for-aging-in-place-5528881a#:~:text=Smart%20security%20systems%2C%20connected%20sensors,in%20their%20homes%20for%20longer.&text=Abode%20Iota%20is%20a%20sleek,to%20help%20keep%20occupants%20safe.


https://www.helpcarebrasil.com.br/pulseira-de-emergencia?gclid=CjwKCAjw4MP5BRBtEiwASfwAL4PxUKIdymOraSvtkI5zJezTxPW_0GXAPL0kJSxrhDaks9QRgtAr2RoCQzoQAvD_BwE


KPMG. Social Robots Report. KPMG, 2016. https://assets.kpmg/content/dam/kpmg/pdf/2016/06/social-robots.pdf


McGinn, C., Bourke, E., Murtagh, A. et al. Meet Stevie: a Socially Assistive Robot Developed Through Application of a ‘Design-Thinking’ Approach. J Intell Robot Syst 98, 39–58 (2020). https://doi.org/10.1007/s10846-019-01051-9


MORRIS, M. E.; ADAIR, B.; MILLER, K.; OZANNE, E.; HANSEN, R.; PEARCE, A. J.; SANTAMARIA, N.; VIEGAS, L.; LONG, M.; SAID, C. M. Smart-Home Technologies to Assist Older People to Live Well at Home. Journal of Aging Science, v.1, 2013


http://www.parorobots.com/


https://time.com/collection/best-inventions-2019/5733104/stevie/


https://tecnosenior.com/monitoramento-de-idosos-pulseira-de-emergencia-ou-sensor-de-queda/


The Top 12 Social Companion Robots. The Medical Futurist. 31/07/2018. https://medicalfuturist.com/the-top-12-social-companion-robots/


https://www.telehelp.com.br/botao_emergencia_salva_vidas_idosos_lp14/?utm_source=google&utm_medium=G%5FPesquisa%5FS%5FQuedas%5Fidoso&utm_campaign=google&utm_term=Quedas%5Fidoso&gclid=CjwKCAjw4MP5BRBtEiwASfwAL5a195DA2mF0eRU1EarS0KQyPXiC_fQh2PtMcpqfRi71Fp45w8senhoCMa8QAvD_BwE


This Caring Home. 6 Best Automatic Stove Turn-Off Devices (With Timers and Without). https://www.thiscaringhome.org/automatic-stove-turn-off-devices/

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