Poder envelhecer na sua própria casa pode parecer algo trivial para pessoas que ainda não pensam no próprio envelhecimento, mas não é. Nessa postagem, vamos olhar mais a fundo no conceito conhecido como aging in place, ou, da nossa tradução livre, envelhecer em casa. Será um post um pouco mais denso e longo do que estamos acostumados a publicar neste blog, mas vale a pena para entender esse conceito mais a fundo.
Felizmente, as opções de onde morar na velhice estão aumentando cada vez mais, o que é uma ótima notícia para todos nós que estamos envelhecendo (isso inclui você, caro(a) leitor(a)). Hoje já vemos o surgimento de condomínios projetados para a população mais velha, há profissionais especializados em desenhar e organizar áreas de co-housing (quem aí já pensou em juntar os amigos para morarem todos em uma “vila”?) e co-living (e por que não em uma mesma república?) e até já há um navio de cruzeiro desenhado especificamente para que seus moradores possam viver sua velhice em paz e segurança. Mas o que pesquisas mostram é que a maioria da população deseja mesmo é envelhecer na própria casa.
Não é à toa que envelhecer em casa é uma das opções mais populares. Permanecer onde se vive tem grandes vantagens, como a de manter o senso de conexão, segurança e familiaridade, além de estar intimamente relacionado com o nosso senso de identidade e autonomia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um aging in place de sucesso é aquele em que:
“pessoas mais velhas vivem em suas próprias casas e comunidades com segurança, independência e conforto, independentemente da sua idade, renda ou nível de capacidade intrínseca”
Isso significa que é necessário planejamento para poder se envelhecer bem em sua própria casa e, assim, adiar ao máximo a necessidade de uma institucionalização.
Na verdade, o que a OMS nos ensina é que em países de maior renda, no primeiro sinal de perda de funcionalidade, o idoso já se muda para uma instituição (por sua própria vontade ou não) e em países de menor renda, esses idosos passam a morar com parentes ou permanecem em casa em condições não ideais. Os dois cenários estão muito longe do ideal. Pensando nisso e em promover um aging in place de sucesso, a OMS definiu 5 áreas de atuação, que iremos discutir uma a uma nesse post: pessoas, serviços, lugar, produtos e políticas públicas. Vamos lá?
Pessoas
Para dar o suporte necessário para as pessoas idosas que desejam envelhecer em casa, é necessário que existam pessoas capacitadas para cuidar das suas necessidades sociais e de saúde. Hoje, infelizmente, essa responsabilidade cai sobre cuidadores informais (familiares, vizinhos, amigos) e, com o crescimento da população idosa, logo teremos uma grande falta de pessoas para cuidar desses idosos. Sem os cuidadores informais, são poucas as opções de cuidado que existem hoje. Então, precisamos pensar em maneiras criativas de cuidado, como a criação de uma rede de cuidados dentro do próprio bairro.
Além disso, é necessário pensar em quem irá cuidar de quem está cuidando. A função de cuidador pode resultar em um grande desgaste físico e emocional, principalmente se esse cuidador não é reconhecido e remunerado, com tempo de descanso e de autocuidado.
Então, por que não começar a pensar em quem irá cuidar de nós?
Serviços
Nessa área de atuação, a OMS olha especificamente para serviços de cuidado de saúde e social. Quando falamos de cuidado social, estamos olhando para endereçar um grave problema que acomete a população idosa: a solidão e o isolamento social.
Com o envelhecimento populacional, as soluções de muitos dos problemas enfrentados frequentemente são sociais e não médicas. Um exemplo pode ser visto no Japão, em que quase dois milhões de pessoas foram treinadas em cuidados para pessoas portadoras de demência e elas são muito mais eficazes que especialistas médicos. Pessoas que sofrem com demência e seus cuidadores precisam de apoio para seguirem uma vida mais normal possível, e atividades simples como ir a um café podem ser de grande importância. Isso não está no escopo da medicina.
Além disso, hoje, o foco no cuidado de saúde olha apenas para as doenças que acometem pessoas jovens e adultos e não as doenças e problemas sociais que afetam a população mais velha. Assim, precisamos nos preocupar em saber se os serviços que estão à nossa disposição atendem às nossas necessidades para que possamos permanecer com saúde (física, mental e social) em nossas casas.
Lugar
Quando falamos de lugar, estamos falando de todo o ambiente que nos cerca, que inclui:
Transporte: onde você mora passa ônibus? Os pontos são cobertos e têm lugar para sentar? Os motoristas aguardam a entrada e saída de pessoas sem pressa?
Serviços acessíveis: a sua casa fica perto de padarias, farmácias, restaurantes? O caminho para chegar nesses estabelecimentos é tranquilo e seguro? Na sua casa chega o serviço de entrega de comida?
Tecnologia e comunicação disponíveis: onde você mora tem sinal de internet? E serviços de telefonia?
Lares acessíveis e confortáveis… bom, não preciso nem falar que nessa você pode contar com a LAR.i. Não deixe de entrar em contato com a nossa equipe e fazer seu orçamento sem compromisso!
Então vale o questionamento se o seu bairro é amigo de todas as idades e como torná-lo um ambiente onde todos possam viver com conforto. Para saber mais sobre ambientes amigos da pessoa idosa, confira essa postagem!
Produtos
Nessa área, a OMS fala especificamente de produtos de tecnologia que permitem que as pessoas possam continuar envelhecendo em seus lares. Esses produtos deveriam ser desenhados com o objetivo principal de permitir com que pessoas continuem a participar ativamente de suas comunidades.
Muitas vezes, não é necessário criar um produto do zero, só precisamos adaptar produtos existentes para as necessidades das pessoas idosas. Por exemplo, tecnologias de comunicação já existentes podem contribuir imensamente para atender as necessidades sociais de conexão. Se conectar com familiares, amigos ou outras pessoas idosas com experiências similares se torna uma questão de educação e treinamento das tecnologias que já existem hoje.
No entanto, é muito importante ressaltar que produtos de tecnologia devem ser vistos como ferramentas para ajudar a envelhecer bem em casa e não a solução. Tecnologias não podem substituir o contato e engajamento humano.
Políticas Públicas
Para que todas essas áreas de atuação existam e aconteçam de maneira sistemática e se expandam continuamente, é necessário inovar nas políticas públicas. Governantes precisam ouvir as pessoas idosas e se basear em evidências para desenvolver políticas que promovam um aging in place de sucesso.
O envolvimento ativo de pessoas idosas não é apenas importante para coleta de dados, mas é também essencial para validar os dados compilados pelas autoridades públicas ou, ao menos, para dar um parecer do que está sendo avaliado.
Como vocês puderam perceber por essa longa postagem, que apenas pincelou sobre o tema de aging in place, envelhecer na própria casa está longe de ser trivial. Apesar de algumas áreas de atuação estarem fora do nosso alcance, é possível sim viver um aging in place, basta se planejar. Com planejamento, é possível escolher onde se quer passar a sua velhice de maneira independente e saudável.
Conte com a LAR.i, nós podemos auxiliar a deixar sua casa confortável e segura para o seu processo de envelhecimento, além de lhe indicar os melhores produtos de tecnologia que vão facilitar em muito a sua vida e a de seus familiares.
Julia Trevisan
Msc em Engenharia
Imagens: OMS, 2015
Ref. Bibliográficas:
OMS. World report on ageing and health. Genebra, Suíça. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/186463. Acesso em: 06 de fevereiro de 2023
OMS. Imagine tomorrow: report on the 2nd WHO global forum on innovation for ageing populations. Kobe, Japão. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/205288. Acesso em: 06 de fevereiro de 2023
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