Você já se fez essa pergunta? Ou mesmo já se imaginou envelhecendo? Infelizmente, envelhecer é considerado um tabu e o preconceito contra o idoso (ageismo) está tão enraizado em nossa cultura que nem percebemos. Afinal, vivemos rodeados de estereótipos negativos de velhice como sendo universalmente frágil, dependente, mal vestido e doente (fonte: Relatório sobre Ageismo da OMS, 2021), e é comum negarmos o nosso processo natural de envelhecimento, com medo de cairmos dentro desses estereótipos preconceituosos.
Uma das consequências desse comportamento é não planejarmos o nosso próprio envelhecer, o que faz com que as limitações que vêm com a idade nos peguem de surpresa. Assim, muitas decisões que nós deveríamos ter tomado acabam sendo tomadas por nós. E uma das decisões mais impactantes é a escolha do local onde se deseja passar a velhice.
Atualmente, no Brasil, existem algumas opções de moradia para idosos, como Cohousing e ILPI (residenciais sêniores), mas a grande maioria deseja permanecer na sua própria casa. A seguir iremos abordar essas moradias, dando ênfase no conceito de aging in place (envelhecer em casa).
ILPI e Cohousing
As ILPI (Instituição de Longa Permanência de Idoso), conhecidas popularmente como residenciais sênior ou asilos, são uma opção interessante de local para envelhecer. De acordo com a ANVISA:
“As ILPIs são instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar e em condições de liberdade, dignidade e cidadania”.
Existem várias opções disponíveis hoje, para diversos públicos e com diferentes preços. O ponto positivo é o constante amparo por equipe de cuidadores, atividades rotineiras desenvolvidas por educadores físicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais e socialização com outros moradores. No entanto, o custo ainda é alto e há a preocupação com a manutenção da rotina e liberdade que antes se tinha em casa.
Já os cohousing para idosos estão ganhando força no país, apesar de ainda serem difíceis de se encontrar. Eles funcionam como uma comunidade de amigos, onde existe uma colaboração mútua, sem hierarquias. O objetivo é promover uma vida comunitária intensa, mas permitindo que cada morador tenha a sua vida familiar privativa. As casas são independentes (como em um condomínio), mas há também grandes espaços comunitários, tudo gerenciado pelos próprios moradores. Esse tipo de espaço é mais utilizado na Europa e Estados Unidos e só agora está começando a aparecer por aqui.
No entanto, apesar dessas e outras opções, a maioria das pessoas ainda deseja permanecer em casa, onde têm uma ligação afetiva e psicológica. Permanecer no próprio lar traz a ideia da independência e autonomia do idoso, enquanto mantém conexões de suporte social e familiar. Além disso, a ideia de permanecer em casa durante a velhice também traz uma redução de custo ao evitar a institucionalização do idoso. Mas é tão simples assim?
Como se planejar para envelhecer em casa?
Para permanecer o máximo de tempo em casa, mantendo a sua rotina e preservando a sua independência, é necessário planejamento. De acordo com relatório da OMS, precisamos pensar em:
- Pessoas: quem dará o suporte e cuidado quando necessário? Será um familiar? Esse familiar concorda com esse planejamento e está preparado para isso?
- Serviços: serviços de saúde, apoio social e psicológico estão disponíveis onde você mora? A sua cidade oferece serviços de qualidade gratuitamente?
- Produtos: quais soluções tecnológicas seriam interessantes já começar a serem instaladas?
- Lugar: seu lar está adequado para as necessidades físicas e cognitivas que vêm com o envelhecimento? Além disso, ele está bem localizado, em locais com vias públicas acessíveis e com serviços básicos próximos?
Em todas essas situações, um bom planejamento financeiro é fundamental. Apesar de, na maioria dos cenários, ser mais barato envelhecer em casa do que em uma instituição, uma avaliação prévia de custos garantirá uma maior segurança de que seus planos darão certo.
Adequações do lar
Independente do lugar onde você planejou envelhecer, seja em sua casa antiga ou em um novo lar, ele precisa, antes de mais nada, funcionar para VOCÊ.
Soluções simples e genéricas devem ser observadas com muita ressalva. Algumas pessoas se voltam para posts de internet ou “check-lists” para deixar a sua casa mais segura, mas é muito importante considerar que essas soluções são genéricas e não necessariamente atenderão às SUAS necessidades e vontades. Envelhecer não é um processo igual para todos e o seu envelhecimento é único. Por isso, as soluções para a sua casa também devem ser únicas. Afinal, nem todo mundo precisa de remover o tapete da sala e pode ser que você precise de uma iluminação diferente no quarto, considerando sua rotina noturna e como prefere dormir.
Considerando tudo isso, a LAR.i vem para ajudar com a adequação do seu lar e a escolha dos melhores produtos tecnológicos, caso tenha decidido envelhecer em casa. Conhecendo a sua história, rotina, preferências e dificuldades, sugerimos as melhores soluções para que você permaneça em casa com independência por muito mais tempo.
Conclusão
Envelhecer é absolutamente natural, todos nós estamos envelhecendo. Mas, com a idade, vêm alguns desafios. Por isso, um bom planejamento pode determinar se poderemos ou não escolher ficar em casa o tempo que quisermos e a escolha dos produtos corretos e adequar corretamente o lar são peças chave para essa escolha.
Então fica aqui o questionamento: onde você quer envelhecer?
Julia Trevisan
Msc em Engenharia
Foto: DCStudio no Freepik
Referências Bilbiográficas:
ANVISA – Agência Nacional d Vigilância Sanitária. Serviços de Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/servicosdesaude/instituicoes-de-longa-permanencia-para-idosos>. Acesso em: 20 de ago. de 2021
MATIAS, P. “Ageing in place”: Reflexões sobre o conceito e desafios para Portugal. Espaços Vividos, Lisboa, v. 3, n. 1, p. 77–85, 2016.
OMS. Report on the 2nd WHO global forum on innovation for ageing populations. Kobe, Japan: World Health Organization, 2015
OMS. Global Report on Ageism. Geneva, Suíça: World Health Organization, 2021
The Oxford Intitute of Population Ageing. Blog. Disponível em: <https://www.ageing.ox.ac.uk/blog/is-ageism-really-the-last-taboo>. Acesso em: 20 de ago. de 2021
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